19 de setembro de 2005

I am Sam, Sam I am... who am I?

A midia alardeia constantemente os mandos e desmando da nação que julga-se ser a maior e mais potente do mundo, com seu mandatário arvorando-se juiz e legislador do planeta. Mete-se nas quetões alheias e interfere em outros países, tal como um deus dos povos. Mas a verdadeira impotência aparece quando o assunto é interno e repentino, como os desastre naturais que abatem o orgulho e o povo do Norte.

Tio Sam tinha memória límpida e ultra-rápida. De mente afiada e brilhante, arquitetava planos e urdia ações que embeveciam e surpreendiam a todos.

Competente e pioneiro, era sempre o primeiro entre muitos, postando-se como defensor num momento, interpondo-se em questões domésticas e de interesses alheios, elegendo-se como juiz e executor de leis que decretava. Era, como diria um ministro tupiniquim, indesafiável.

Sam, o Tio Xerife, não levava desaforo para casa até que surpreendia a todos com suas intervenções relâmpago, flamejando ira e justiça nos quintais vizinhos.

Mas agora parece que Tio Sam, o Idoso, arqueado ao peso da idade e das responsabilidades que requereu para si não anda muito afiado de sua mente. Alguns disseram tê-lo ouvido questionar sua personalidade. Quem antes afirmava com dura firmeza: “I´m Sam” (Eu sou Sam), agora balbucia entre os dentes que ainda não ousaram deixá-lo: “Who am I? (Quem sou eu?).

É agonizante. Os ferinos e ácidos trovejam que o estado caquético de Sam, o Tio Inépto, declinou quando se viu e mostrou-se impotente em resolver e reorganizar as questões de seu quintal adentro.

As coisas ficaram incontroláveis quando a derrocada final veio na forma de um cataclisma metereológico. Ventos e chuvas violentas ameaçaram os limites sob responsabilidade de Sam, O Tio Aterrorizado, antes destemido.

Foi o caos. Sua casa parcialmente destruída não abrigava toda a família. Os mais velhos foram postos pra fora e dormiam ao relento. As crianças urravam como uma matilha faminta e algumas foram levadas por sujeitos e intenções impublicáveis. Havia lixo e excreções por toda parte, brigas e desavenças. Os vizinhos assistiam a tudo, pasmos. Não era mais a casa de Sam, o Tio Ordeiro.

Brigas e revoltas de seus próprios filhos, uns contra os outros, as magras finanças que teimam em depor contra aquele que sempre pensou ser o banco e gerente do mundo, recursos que não chegam para socorrer seus próprios parentes, já queixosos e amargos, e outras ingerências acabaram por eclipsar a imagem polida e luzente de Sam, o Tio Inativo. “Faça algo, Tio Sam!” ousavam atônitos sobrinhos.

Sam, o Tio Hipermétrope, não enxergava a um palmo de seu nariz altivo. Os mais detalhistas e técnicos diagnosticavam presbiopia, adicionando a idade avançada às razões da visão falha. Definitivamente quem tinha os olhos sobre o mundo, agora não alcança nem a própria calçada. E os velhos morreram por mais uma madrugada de frio.

Reunindo a família no resto de um sofá rasgado e borolento, estacionado na grama encharcada do quintal, depois que as águas pútridas baixaram, Sam, o Tio Show, encena um emocionante discurso, baixando as fartas sobrancelhas grisalhas.

Uma lágrima lavou o rosto imundo da tia mais idosa, quando Sam, o Farsante, bradou, provocando risos de alguns vizinhos. Reunindo suas forças, levantando os braços fétidos ao ar, vociferou: “Nossa casa e nossa família ressurgirão das ruínas”.

Aproveitando um arco-íris despontando timidamente sobre o telhado destrambelhado, Sam, o Tio Profeta vociferou: "Coisas maravilhosas são possíveis quando atuamos com a graça de Deus". O sofá ruiu.

3 Comments:

At terça-feira, setembro 20, 2005 10:30:00 AM, Anonymous Anônimo said...

Uma hora é Al Qaeda, outra é Katrina... cada hora é uma bordoada no nosso tão bondoso velhinho Sam... até quando o protestante páis vai aguentar.. ouvi dizer por aí que o Brasil será uma grande potência mundial... aqui não temos terrorismo, mas precisa?? Lula e sua trupe sem querer querendo fazendo masi estragos que um Bi Laden montado num Katrina... mas isso dá outra história...

muito legal o seu Blog!! Desejo sucesso Marquinhos!! Que Deus te abençoe!!

De seu amigo de longa data.

 
At terça-feira, setembro 20, 2005 11:01:00 AM, Anonymous Anônimo said...

Temos muito o que falar, principalmente dos San Franciscos, San Antonios, San Joses... Falar sobre bençãos é bem mais difícil do que criticar, pois vivemos no limiar de tanta maldade e corrupção que as vezes não percebemos o bem que nos rodeia.
Seu texto está muito bom para nossa turma intelectual, mas pelo menos eu, tenho muitos amigos que não entenderiam patavina, e isso não é crescimento. Um conselho é facilitar as coisas, deixar a leitura mais fácil para os vocabulários mais coloquiais.

Grande abraço do seu amigo.

 
At terça-feira, setembro 20, 2005 11:20:00 AM, Blogger Blitz no Blog said...

Rolf

Considerei suas palavras de maneira especial. Tenho escrito desde início dos 80. Vez em quando surge palavras, que apesar de não terem aplicação corriqueira, achegam-se à minha mente e são postas no texto, sem o menor desejo preciosista.

Creio que seria mais questão de estilo, e não busca gratuita pelo mais difícil.

Porém, como você recomendou e Paulo ensinou, "...quero falar cinco palavras com o meu entendimento, para que possa também instruir os outros, do que dez mil palavras em língua." (1 Co 14:19).

Ou seja: o dom dado por Deus aos homem é a comunicação de idéias, o que mais desejo alcançar.

Valeu pelo toque, amigo.

 

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